Bruce Lee infelizmente teve uma curta
carreira, mas com grande impacto. Sua morte o relegou ao status de lenda, e o
filme O Jogo da morte, lançado após sua morte em 1973, foi um grande
sucesso, mesmo sendo quase que todo feito em cima das cenas de um sósia e com
pouquíssimas cenas de Lee pré-gravadas. Vê-lo com aquele
uniforme amarelo com listras pretas na lateral é um chamado instantâneo à
nostalgia. Mas antes desse e demais filmes póstumos ele lançou quatro filmes no
período de três anos, que lhe renderam muito sucesso e apresentaram ao mundo
suas façanhas nas artes marciais. No original os quatro filmes não possuem
relação entre si no que diz respeito à história ou título do filme, mas em
português podemos chama-los dos Quatro filmes do dragão. Pode-se
considerar que era uma maneira de chamar a atenção do público ou até preguiça
na escolha da tradução, mas isso acabou ajudando a diferenciar esses trabalhos,
com dragão para lá e dragão para cá. Em resumo, quatro memoráveis filmes do
mestre Lee.
O
dragão chinês
Em 1971 Bruce Lee já era
conhecido, com alguns filmes no currículo e fama em artes marciais lhe
desenvolvendo o caminho. Emplacou um sucesso na TV como Kato, o ajudante do Besouro
Verde,
e agora estava entrando no seu auge. Em o Dragão Chinês (The Big Boss nos EUA)
ele é Cheng, um cara bom de briga que troca a vida difícil no campo
pela vida difícil na cidade, onde vai morar com seus familiares explorados pelo
dono de numa fábrica de gelo, que também atua em diversos negócios escusos na
região. Quando alguns de seus entes queridos desaparecem inexplicavelmente e
outros são encontrados mortos, Cheng tem que agir e desbaratar essa
organização criminosa. Certamente é o mais fraco dos quatro filmes, mas dá para
notar que Bruce estava tateando o sucesso que viria a seguir. Em plena Guerra
do Vietnã, onde os EUA começaram a ser vistos como
vilões, surge um personagem como esse, tentando salvar minorias oprimidas, e o
melhor, sem a utilização de armas, tão infames nos noticiários. Com cenas fortes
de violência, o filme é uma boa porta de entrada para o público conhecer o
trabalho de Lee. Com a música Time do Pink Floyd como tema.
O
voo do dragão
Aqui conhecemos Tang,
o personagem mais engraçado de Bruce Lee, e podemos admirar sua
relação com os tchacos. Em muitas cenas você fica imaginando o perigo dos
figurantes passaram em algumas cenas de luta (está certo que eles treinam
bastante, o Bruce é bom e o posicionamento da câmera ajuda, mas levar uma
tacada dessa na cara amedronta). Tang muda-se para a Itália para
ajudar sua amiga que tem que pagar altas taxas para mafiosos locais que também
querem que ela venda o restaurante. Esse esquema de cobrança criminosa é algo
que Bruce
Lee conheceu bem em seu tempo em Hong Kong. Como se metia em
encrencas, seu pai entrou num acordo com a máfia mandando seu filho para São
Francisco, e assim um não interferia no trabalho do outro, mas mesmo
aqui seus conhecidos sofriam com os abusos de criminosos vendendo proteção. No
filme, quanto mais Cheng mexe no formigueiro, mais formiga vêm. Ao final a luta
épica com outro ator, seu aluno na época e futuro maioral dos filmes de ação: Chuck
Norris, com pelos a lá Tony Ramos dando trabalho ao Lee.
Mas se no futuro Norris seria conhecido como “o senhor pode tudo”, fica a lembrança:
Ele já foi vencido por alguém. Filme de 1972.
A
fúria do dragão
O filme que mais gosto do Bruce
Lee.
Chen
Zhen
se revolta com o assassinato de seu mestre e parte numa vingança pessoal e
sozinho contra as escolas de artes marciais rivais, literalmente fazendo roda e
derrubando meio mundo. Mas sua vingança começa a criar problemas para a polícia
local, e como foragido ele não se cansa em cumprir seus objetivos. O nome fúria
condiz muito com esse personagem. Vê-lo em ação é uma pintura. Seus movimentos
precisos, sua técnica inovadora, seu carisma arrebatador, tudo contribui para
te tornar um fã dessa personalidade, e se esse filme não o fizer o transformar
em um admirador de Lee, nada o fará. Há personagens característicos dos seus
filmes, como o cobrador de impostos um tanto afeminado, ou os amigos bons de
briga que vão acabar apanhando, mas tanto o desfecho, com a emblemática cena do
salto, quanto o enredo, fazem desse filme um diferencial na carreira do
artista. Desculpe se transparece apenas um fã falando, mas é Bruce
Lee.
Tristeza pensar que o teríamos apenas por mais um ano de vida. Também lançado
em 1972.
Operação
Dragão
Pode-se dizer que junto com o filme
O
jogo da Morte, esse seja um dos mais lembrados, pois foi o que lhe deu
fama mundial, mesmo que póstuma. Lee é Lee, um monge que recebe
uma missão de seu mestre e de uma força especial americana para participar de
um torneio numa ilha em Hong Kong, dominada por um ex-discípulo
de seu mestre que transformou a ilha num verdadeiro império do crime, com
fabricação de drogas, prostituição, escravidão, etc. O famoso torneio que ele
patrocina é a maneira como Lee conseguirá cumprir com a missão
e detalhar como funciona os esquemas da ilha para uma futura invasão das forças
armadas que são impotentes de agir sem provas e deflagrar uma pequena guerra
entre nações. Tudo se torna pessoal
quando Lee descobre que sua irmã foi morta por um dos truculentos capangas do
vilão. Nesse torneio estão o americano Roper, que vive de apostas e
pequenos golpes, e Williams que representa o movimento blaxploitation tão em voga
na época. Mas é Lee quem brilha, e numa incrível batalha final temos a famosa
cena da luta na sala de espelhos e suas várias feridas por garras. Foi a maior
produção de sua carreira e com certeza seu maior sucesso até então. Lançado
três semanas após a morte do mestre Lee, em 1973 e contou com um
figurante que ficou conhecido no futuro: Jackie Chan. As artes marciais nunca
mais foram vistas da mesma forma.
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