É agradável
ir ao cinema assistir ao filme sobre uma obra literária de um autor que você
venera e perceber que o trabalho foi muito bem feito e que a criadora foi
respeitada. Ler um livro da Agatha Christie é tão prazeroso e
surpreendente, que assistir a um filme que não te cause as mesmas emoções seria
uma decepção, ainda mais se essa produção mostrasse o seu personagem mais
icônico, o metódico e inteligente detetive Hercule Poirot. O ator e diretor Kenneth
Branagh
está acostumado a dirigir e encenar as peças de Shakespeare, e certamente
teria um respeito por uma das melhores e famosas histórias de Agatha.
A começar pelo seu próprio personagem, o famoso detetive, que segundo descrição
da criadora, teria o maior e mais proeminente bigode de toda a Inglaterra. E
assim ele o fez.
Com um elenco
de estrelas, a história de Poirot escolhida foi o clássico Assassinato no Expresso
do Oriente, que junto com O caso dos dez negrinhos são os
livros mais famosos da rainha do crime, e talvez os dois livros com as
conclusões mais impressionantes. Não sei se foi sorte ou azar, mas nunca li o
livro, o que me fez ficar surpreendido com o desfecho (lógico, é Agatha
Christie),
e lendo o livro já saberia o que iria ocorrer. Por outro lado, o livro se for
lido não gerará tanto impacto. Torço para o filme ser um sucesso de crítica e
público, pois dá a entender que mais histórias de Poirot serão
transformadas em filme, e claro que algumas das histórias que li serão
escolhidas, e então terei a experiência de assistir um mistério que já sei o
final e poderei fazer essa análise. Mas mesmo se você já leu o livro, não deixe
de assistir, pois ficará deslumbrado com o tratamento que a história recebeu.
Hercule
Poirot
está bem desenvolvido, com algumas características um pouco mais evidenciadas,
que lhe dão um ar cômico, não o transformando em um palhaço, mas com a leveza
engraçada em seu tratamento com as outras pessoas. Ele já é famoso, conhecido
publicamente por ser o melhor detetive do mundo, capaz de desvendar os maiores
mistérios que assolam o mundo do crime. Logo no começo ele soluciona um
problema que serve mais para conhecermos sua maneira de agir, e percebemos que
estamos perante de um dos grandes personagens da literatura mundial. É um Poirot
diferente do habitual, que temos na mente como o gordinho careca de bigodinhos
finos, entretanto o Poirot de Branagh pode se tornar a nova
lembrança que os leitores do futuro terão do personagem.
Logo ele
parte no elegante trem expresso que dá título ao livro, uma decisão tomada de
última hora para tentar ficar longe das organizações e pessoas que vem a todo
momento em seu alcance lhe pedir ajuda. Eis que durante a viagem ele recebe
outro pedido de ajuda de Ratchett (Interpretado por Johnny
Depp,
com um personagem bem diferente de Jack Sparrow) que lhe confidencia
que está sendo perseguido, mas Poirot nega sua ajuda ao deduzir que
estava falando com um falsário. Numa noite, uma tempestade causa um
deslizamento que atinge os trilhos e a locomotiva descarrilhado, os deixando
presos em cima de uma ponte. Na mesma noite há o esperado assassinato, tirando Poirot
de suas férias para desvendar o mistério: quem matou? Como matou? E por que
matou? Mas quanto mais ele se aprofunda no caso, mais ele percebe que esse é um
dos crimes mais intrincados de sua carreira como detetive.
Há algumas
cenas de ação, perseguição e humor, colocados no filme para que não fique
maçante. Afinal estamos acompanhando outra mídia e se fosse para ser totalmente
igual era só ler o livro. Mas nada estraga a história, apenas a deixa mais
dinâmica, com alguns personagens se tornando o suspeito principal, mas com
reviravoltas atrás de reviravoltas o filme diverte e te prepara para o fim com
muito suspense e ansiedade. Judi Dench está maravilhosa
como a orgulhosa e prepotente princesa Dragomiroff, Willem Dafoe,
Penélope
Cruz
e Michelle
Pfeiffer
tem personagens bem marcados por suas características, e os demais (Daisy
Ridley,
Josh
Gad,
geram ainda mais mistério para o público. Mas quem brilha mesmo é o nosso
querido Hercule Poirot, que não deixa de elucidar o
mistério numa cena típica de Agatha Christie: desvenda o
assassinato no Expresso do Oriente na frente de todos. Espero as próximas
histórias de Poirot.
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