Conan: o bárbaro foi o primeiro grande êxito da carreira
cinematográfica do então fisiculturista Arnold
Schwarzenegger, que direcionou seus objetivos profissionais ao seu
sonho de ser uma estrela do cinema americano. Seu porte físico era perfeito
para estrelar uma nova produção encabeçada pelo diretor James Cameron, não tão
conhecido em 1984. A dificuldade de Arnold falar inglês fluentemente não seria um
problema para interpretar um ciborgue monossilábico de O Exterminador do Futuro.
Mas ao invés de fazer o papel de mocinho, ele escolheu acertadamente o vilão,
um organismo cibernético assassino. O filme foi um enorme sucesso, uma ficção
científica pura. Com uma história complicada, que engloba viagem no tempo,
futuro distópico, máquinas tomando controle mundial, apocalipse nuclear,
perseguição e doses certas de violência e suspense, são ingredientes de uma
receita de sucesso com potencial de franquia e oferece assunto muito
interessante de ser abordado, seja numa discussão entre nerds ou numa conversa
de bar após algumas cervejas.
A terceira guerra mundial
seria travada entre a humanidade e as máquinas, lideradas pelo programa de
computador Skynet,
que fugiu do controle em 1997, tomou consciência própria e considerou a
humanidade uma ameaça para o mundo, e que tinha que ser exterminada,
desencadeando uma hecatombe nuclear controlando todas as ogivas do mundo. Mas
essa guerra estava difícil de ser vencida graças ao líder da resistência John Connor, com grande
potencial e pouco a pouco vencendo algumas batalhas e finalmente descobrindo um
plano do software maligno de voltar no tempo para impedir o seu nascimento,
minando de vez as investidas da humanidade. Por intermédio de uma máquina do
tempo que pode enviar ao passado apenas organismos biológicos, a Skynet cria um ciborgue humanoide programado
para matar Sarah Connor (Linda Hamilton) antes de
conceber seu filho. John e a equipe rebelde conseguem invadir o
local onde a máquina do tempo estava localizada, mas apenas um deles consegue
viajar no tempo antes de serem descobertos. Seu nome é Kyle Reese (Michael Biehn) que terá a
difícil tarefa de encontrar Sarah Connor, fazê-la
acreditar em sua história, passar despercebido pelos policiais e autoridades
que o encaram como um louco, e o pior, proteger a garota de um ciborgue com
mais de dois metros de altura, armado até os dentes com o único objetivo de
matar a lendária mãe de Connor.
O filme deu fama à Cameron e à Schwarzenegger,
e as particularidades da trama foram incorporadas à cultura pop, como a
aparição dos viajantes do tempo nus em meio a raios e trovões, frases de
efeito como "I'will be back", a trilha sonora e a
figura amedrontadora do ciborgue. O futuro distópico é melhor representado na
continuação, de 1991, com o subtítulo "O
julgamento final", com James
Cameron dirigindo a
produção mais cara até o momento, com música de Guns and Roses e efeitos especiais inovadores. Essa
continuação casa perfeitamente com a trama e supera seu antecessor, na minha
opinião um dos melhores filmes de ação que já existiu. Com a tecnologia
avançando, o filme causa uma melhora nos efeitos especiais e também transforma
a ideia da história em algo mais amedrontador para o público mais acostumado
com as inovações tecnológicas. Mas o filme também utiliza artifícios
convencionais, mas de maneira única. Arnold ficava até seis horas sentado
recebendo maquiagem para as cenas em que seu rosto é destruído e a
cena de perseguição no helicóptero passando por baixo do viaduto é real, com
muitos pilotos se negando a participar.
Na segunda parte o
ciborgue T800 (Schwarzenegger) é
reprogramado para proteger o jovem John Connor (Edward Furlong), de uma nova
tentativa da Skynet,
que enviou um novo organismo mais avançado, o T1000 (Robert Patrick), feito de metal
líquido e capaz de tomar formas enquanto Sarah está desacreditada e esperando os
acontecimentos que ela já sabia que iriam ocorrer, presa em um sanatório de
segurança máxima. Você assiste e não pisca. A complicada parte de viagem no tempo é deixada em segundo plano, sendo a perseguição
implacável do T1000 e a relação de pai e filho entre Connor e seu protetor os maiores atributos do
filme. A dualidade nas ações de Sarah e as tentativas do trio de destruir os
planos de criação da Skynet são outros pontos positivos da
história, que contam ainda com um vilão assustador e ótimas cenas de ação. O
ponto alto está no final memorável que fecha definitivamente a história, da
maneira que Cameron imaginou.
Na minha opinião,
tudo o que foi feito depois desses dois filmes foram continuações
desnecessárias, produzidas para gerar lucro sem um roteiro criativo. Como a
história tem viagens no tempo em seu escopo, as novas histórias tinham que ser
feitas pisando em ovos, para que os furos do roteiro não fossem muito grandes
(afinal de contas, após o desfecho do filme de 1991, qualquer continuação seria
um furo no roteiro), mas as produções que se seguiram destruíram a trama de
causa e efeito cíclica criada por Cameron,
com uma exceção ao filme Exterminador
do Futuro: A Salvação, que não foi bem recebida pelo público. Em
compensação em Gênesis tudo o que foi feito anteriormente
parece que foi desconsiderado. Uma pena. Mas assistir a estes dois filmes de Cameron sempre nos trará o que de melhor o Exterminador tem a oferecer.
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