Mel
Gibson
ficou muito conhecido nos anos 80 devido à franquia Maquina Mortífera
e Mad
Max
e filmes de sucesso nos anos 90 como Coração Valente e O
Homem sem face, mas nos anos 2000 ele se interessou mais em dirigir
alcoolizado e realizar produções cinematográficas com alto teor realístico e
violento, que gerou muita polêmica. Logicamente o filme A Paixão de Cristo tomou
um lugar de destaque nessas polemicas, um filme que mostrou os últimos momentos
de Jesus
da Santa
Ceia a sua Crucificação, com cenas de tortura e espancamento nunca
mostrado em um filme sobre a vida de Cristo. Não que isso tenha sido
intensificado no longa, uma vez que deve ter sido bem pior na época, mas a
crítica caiu em cima devido ao filme focar muito nisso. Jesus apanhava mais que o
boneco do Judas em sexta feira santa, e o filme gerou
mais curiosidade do que admiração, desafiando o filme posterior de Gibson,
para que seja ainda melhor.

Em Apocalypito
a violência e o realismo continua o mesmo, e a didática de utilizar a língua de
época também foi usada nesse filme (em A Paixão de Cristo o elenco falou
apenas em aramaico). Falado totalmente em dialeto Maia, Apocalypito
é um filme às vezes difícil de assistir devido a sanguinolência e mutilações,
mas as imagens são mais fascinantes que nojentas, tudo isso em meio as
matas selvagens e no realista e
impressionante império Maia. Um épico de guerra entre
tribos, perseguição de tirar o folego e suspense angustiante.
Jaguar
Paw
é um membro de uma tribo situada na América Central, que vivem em
comunidade e em relativa paz, caçando para se alimentarem e conhecendo a mata
que os cerca. Mas tudo muda quando a tribo é invadida por guerreiros
desconhecidos, mulheres são escravizadas e mortas e alguns homens são mantidos
vivos e levados acorrentados para uma cidade Maia para serem
sacrificados ao Deus Sol. Como se um paraíso se tronasse
um inferno de uma hora para outra. O meio ambiente, no primeiro momento, é
também um inimigo e a geografia do percurso da tribo até a cidade maia é o
maior desafio do grupo escravizado e seus captores. Correntezas e precipícios
são entreves que irão gerar momentos de dor, enquanto a figura respeitada e
amedrontadora do chefe Zero Wolf se trona impassível
nessa travessia, o odioso soldado Middle Eye não poupa esforços
de gerar sofrimento em seus escravos
durante o trajeto.
Antes de
chegar ao destino uma garota com doença contagiosa faz uma premonição agourenta
para o grupo de soldados após ser afastada bruscamente por eles. Ao chegar à
cidade maia o espectador parece ter as mesmas sensações dos prisioneiros. Um
mundo diferente, onde a civilização começava a dar seus passos, mas ao lado da
selvageria e adoração. A cidade maia é linda e ao mesmo tempo não queremos
estar lá. O figurino, a maquiagem (indicada ao Óscar), o cenário, a
relação entre as pessoas, as ações dos personagens, tudo tem um toque tão
realista que parece termos voltado no tempo e conseguido as imagens de uma
época distante conhecida apenas em livros. Encaminhados a grande pirâmide do
sacrifício, os prisioneiros aguardam seu fim. Numa situação muito difícil de
compreender, um a um vai esperando sua vez de ser decapitado ao Deus
Sol.
Imagine ser o próximo da fila, vendo seu conhecido e amigo ter sua cabeça
decepada, e seu corpo rolando escadaria abaixo, sendo recolhido por canibais na
base da cidade.
A segunda
parte do filme trata da fuga de Jaguar Paw pela mesma rota
difícil até sua tribo, sendo perseguido pelos guerreiros que farão de tudo para
recaptura-lo. Essa perseguição gera uma expectativa sem tamanho, nos fazendo
torcer por Jaguar Paw em todos os instantes, ainda
mais por sabermos que sua mulher gravida o espera, junto com seu filho mais
novo, em um buraco que pode ser inundado. Enquanto foge, Jaguar reza aos deuses em
que acredita, para que não chova. O tempo é primordial, mas os perigos e a
força dos perseguidores são implacáveis. Um exercício legal para o expectador é
identificar as premonições da menina doente de acordo com o desenrolar da
trama. Difícil mesmo é imaginar como essas cenas foram filmadas. Um filmaço
(desculpe para quem assistiu e não gostou).
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